Sílvio Guedes Crespo
Gerou repercussão considerável uma projeção para a dívida americana feita por dois economistas recentemente. Eles disseram acreditar que o nível de endividamento público nos Estados Unidos possa chegar a 150% do PIB (produto interno bruto) em 2021, número próximo ao da Grécia hoje.
O artigo de James R. Harrigan, da Utah State University, e Antony Davies, da Duquesne University em Pittsburgh, foi publicado no MarketWatch e também no Yahoo, onde teve mais de 200 comentários.
Os economistas notaram que desde 1997, as projeções de dez anos da dívida americana feitas pelo Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) foram subestimadas, em média, em 40% a cada ano. Em 2002, a instituição estimou que a dívida pública americana fosse de apenas US$ 7,6 trilhões em 2012. No entanto, ela já está em US$ 16 trilhões – mais que o dobro.
Sendo assim, Harrigan e Davies afirmam que, se o CBO prevê que a dívida chegue a US$ 25 trilhões em 2021, então ela pode atingir, na verdade, US$ 35 milhões, o que daria 146% do PIB estimado para aquele ano, de US$ 24 trilhões.
Esse raciocínio é interessante, mas deve ser visto com ressalvas. Ele analisa as projeções desde 1997. Mas quem, naquela época, poderia prever o salto do endividamento gerado pela necessidade do governo de salvar o sistema financeiro e empresas do setor produtivo, além dos pacotes de estímulo à economia?
Nos quatro anos que antecederam a crise (2003 a 2007), o endividamento dos EUA estava estabilizado. Variou dentro da faixa de 66% a 69% do PIB. O porcentual só foi disparar a partir de 2008, quando chegou a 76%. Essa proporção continuou subindo, até chegar aos atuais 107%.
Por isso, todas as projeções de dez anos desde 1998 vão estar mais subestimadas do que o normal. Para acreditar que as atuais projeções estejam tão subestimadas como aquelas é preciso crer que, em algum momento na próxima década, a economia dos EUA sofra um novo golpe nas mesmas proporções da crise financeira de 2008.
FONTE-
http://blogs.estadao.com.br/radar-econom...da-grecia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário